domingo, 30 de janeiro de 2011

O "monstro"

O “monstro”, ontem, fez-se notar. Tentou emergir da profundeza do lago.. e eu a pensar quer o tinha aniquilado, há uns meses, quando o encarei de frente. Ele não sabia que os acontecimentos dos últimos dias já me mantinham alerta. Algo me dizia que o “monstro” se iria aproveitar para tentar tomar conta de mim. Mal vi o borbulhar nas águas do lago soube de imediato que o “monstro” se aproximava. Peguei num balde e, incansavelmente, comecei a mandar baldes de água para aquele local, a tentar submergir o “monstro”. Ainda lhe vi um olho fora de água, aquele olho penetrante que parece tomar conta de nós, hipnotizando-nos. Mas consegui ser mais forte, mandar o “monstro” para debaixo de água, novamente. Já me doíam os braços de tanto tirar água e mandar para o lugar onde o “monstro” iria emergir, mas consegui! Consegui cansar-me. Afinal eu estava a tirar água do próprio lago. Afinal a minha vitória era ilusória. O “monstro” acabaria por se aperceber que, para pôr água num sitio, a estava a tirar de outro, abrindo mais facilmente o caminho ao “monstro”. Talvez o segredo não resida em mandar água para cima do “monstro”, só para não ver os seus olhos hipnotizantes. O segredo, talvez, seja, aniquilar o “monstro”, não o afundar, mas enterrá-lo! Escondê-lo bem fundo, para que não volte mais a perturbar as serenas e calmas águas do meu lago. Mas é difícil! O raio do “monstro”, de vez em quando, teima em fazer-se notar, teima em dizer que um dia tomará conta de mim. Tenho resistido, tenho conseguido vencer a batalha, mas não sei até quando, não sei como evitar que o “monstro” volte a aparecer… resta-me esperar que ele apareça e me limite a combate-lo no momento, esperando ir ganhando as batalhas. Uma vitória momentânea, mas que será sempre um a vitória!

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Levo rosas entre os braços,
Espinhos no coração.
Entre beijos e abraços,
Os espinhos ficam...
As rosas vão!

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

De rastos!!

De rastos cheguei à vida,
Desde o ventre de minha mãe.
De rastos passei pela vida,
De rastos, de rastos… de rastos.
Rastejando me perdi,
Rastejei perdido… e nem vi.
De rastos à frente de tudo,
Rastejando de tudo atrás.
Rastejei perdido e não vi.
De rastos p’la vitória,
Cheguei rastejando à derrota e…
Rastejei perdido… e nem vi.
De rastos, num caminho sem saída,
Cansei-me de tanto rastejar, porque
Rastejei perdido… e nem vi.
E, no final da jornada,
Vou parar de rastejar,
Erguer-me e beber o sangue que escorre.
E vou morrer em pé.
Porque em pé…
Também se morre!

sábado, 15 de janeiro de 2011

Ser perfeito

Amar a perfeição é fácil. Amar o que, só por si, é belo, é fácil, verdadeiramente fácil. Tão fácil que até é possível amar esta facilidade. Mas, que se colhe desse amor? Que desfrute há para o ego quando as coisas são fáceis? Onde está o desafio? Onde está o combustível para a nossa auto-estima? Aquilo que nos empurra para a frente todos os dias e nos faz remar, muitas vezes contra ventos e marés. Mas que nos deixa tão leves quando conseguimos chegar ao outro lado, fazes a travessia. Amar é ir além do fácil, do perfeito, do belo. É amar o outro, com as suas qualidades e defeitos, amar a imperfeição, de que todos somos feitos. É amar o desfio de aprender a apreciar também os defeitos e vê-los como parte de um todo que, de alguma forma, nos preenche. É superar o menos belo e amar o outro como ele é. E quando o conseguimos, não há vitória maior, não há melhor combustível que nos empurre e nos faça sentir maiores, mais completos, com uma auto-estima capaz de fazer frente a ventos e marés. Amar assim é amar. Amar assim é deveras gratificante e o primeiro passo é aplicarmos isto a nós mesmos e aprendermos a amarmo-nos tal como somos: seres imperfeitos! Assim, estaremos, com certeza, mais perto da tão desejada perfeição.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Pudera eu hoje morrer
E não hesitaria.
Mais uma alma libertada
De uma vida de fachada,
De uma existência vazia.
Pudera eu hoje passar,
Sumir, acabar!
Chegar ao outro lado a rir,
Porque, lá, nada me pode matar!
Pudera eu hoje não existir,
Apagar a memória, o medo,
O sentir e a vã glória.
Pudera o hoje ser meu,
Existir, sem mais nada, sem ninguém…
Pudera eu hoje ser Eu…

Há janelas entreabertas,

Na senda dos que não vão.

Há pontos cegos à espreita,

Na renda da solidão.

Há momentos de loucura,

Que se envolvem na alma dos que não são.

Há rosas negras abertas

Em cada coração.

Há um mundo de figuras, abruptas,

Que nos assaltam em cada esquina.

Há uma pá de terra guardada que,

Sobre a cabeça se inclina.

Há uma vida gozada, que,

A qualquer momento, termina.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Malabarista de emoções...

Sinto-me cansado, verdadeiramente cansado. Não sei se hoje me apetece brincar à boa disposição. Fazer de bem-disposto.. aquele que está sempre a sorrir. Sempre que me perguntam: "Como estás?" a resposta é sempre a mesma: "Tou sempre bem!". E, às vezes, consigo fingir tão bem, mas tão bem, que me chego a convencer a mim mesmo que estou BEM. Que raio de 'profissão' esta, que eu tinha de arranjar! Sinto-me um verdadeiro MALABARISTA DE EMOÇÕES! Tenho que começar a ter mais cuidado, afinal já não tenho 20 anos, os reflexos já não os mesmos, e um dia, quando menos esperar, falha-me a pontaria e lá caem as emoções todas por terra.... lá se vai a boa disposição.