quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ainda…

Sei a cor dos momentos a dois,
Das noites em preto e branco,
Que, sozinho, passei, depois.

Sei a cor do teu corpo eflúvio,
Que, em noites de amor, chovia,
Sobre mim… em dilúvio!

Sei a cor dos aromas que trazes,
Que me inebriam os sentidos,
Violentos, doces, vorazes…

Sei a cor de cada palavra vazia,
Sussurrada ao ouvido, na alma,
Hoje, consumida pela aleivosia.

Sei a cor da vitória perdida,
Que, no agitar da solidão
Procuro… pra ganhar vida.

Sei a cor dos sonhos em vão,
Do amor jurado em abraços,
Do real e da desilusão.

Sei a cor da dor que consome,
Do sangue que escorre e se engole,
E se bebe, e não mata a fome.

Até sei a cor das palavras improperadas,
Do silêncio gritado, frio, amordaçado,
Em ti, em mim, em duas bocas fechadas!